O "hadaka matsuri", ou "festival do nu", é um evento profundamente enraizado na cultura japonesa, com mais de 1.200 anos de história. Tradicionalmente reservado aos homens, o festival é uma exibição da masculinidade japonesa, onde milhares se despem, exceto por um delicado pano branco que cobre as virilhas, para buscar a benção de um homem-deus que afasta a má sorte.
Embora este ritual ilustre o respeito inabalável do Japão pela tradição, também evidencia uma das maiores lutas modernas do país: a desigualdade de gênero. Num país onde os homens ainda ocupam a maioria dos cargos de destaque, o hadaka matsuri é apenas um exemplo da disparidade entre os sexos.
No entanto, recentemente, mulheres encontraram esperança ao desafiar essa tradição. Com o envelhecimento da população e a consequente diminuição do número de participantes masculinos nos festivais, mulheres têm sido gradualmente admitidas. Em um dos festivais mais antigos, no Santuário Konomiya, 41 mulheres participaram pela primeira vez.
Essa mudança representa não apenas uma evolução cultural, mas também uma resposta pragmática à escassez de homens. Com o Japão enfrentando uma queda constante na taxa de natalidade, as mulheres estão sendo cada vez mais encorajadas a assumir um papel mais ativo na sociedade.
No entanto, as mudanças ainda são lentas e desiguais. Embora alguns progressos tenham sido feitos, a representação das mulheres na política e nas empresas continua sendo uma questão pendente. Enquanto o país busca soluções para a sua crise populacional, o verdadeiro desafio reside em superar as barreiras culturais profundamente enraizadas que perpetuam a desigualdade de gênero.
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