No final do mês passado, Tóquio foi tomada por uma onda de calor intenso, mas o que mais preocupa muitos moradores não é apenas a temperatura elevada, mas sim o alto custo de vida na cidade. Em frente ao Edifício do Governo Metropolitano de Tóquio, um evento de distribuição gratuita de alimentos atraiu dezenas de pessoas, incluindo uma idosa que compartilhou sua história de dificuldades.

"Está tudo muito caro. Antes, três cenouras custavam 100 ienes, mas agora esse valor só compra uma", lamentou a senhora de 91 anos de idade, enquanto esperava na fila para receber tomates e pepinos de graça. Usando um chapéu para se proteger do sol e apoiada por uma bengala, ela contou que mora sozinha no bairro de Nakano. Com uma pensão mensal de aproximadamente 120 mil ienes, ela luta para sobreviver após pagar 70 mil ienes de aluguel.

Apesar de tentar economizar cozinhando suas próprias refeições e evitando o uso do ar-condicionado, o custo elevado de vida em Tóquio torna quase impossível para ela viver apenas com sua pensão. "Vivo das minhas poucas economias", disse ela.

Após a morte do marido, há cerca de seis anos, a idosa se inscreveu para um plano habitacional metropolitano que oferecia aluguéis mais baixos. Contudo, as chances eram mínimas, e ela nunca foi contemplada. Com a idade avançada, ela encontra dificuldades para se mudar e pagar um aluguel mais barato, especialmente sem conseguir um fiador. Sem filhos ou parentes próximos, ela não tem com quem contar.

Antes, ela frequentava uma casa de repouso, mas teve que parar após machucar as costas. "Meus amigos estão envelhecendo, e o número de pessoas que conheço caiu para uma ou duas", contou. Em casa, ela passa o tempo lendo livros de história emprestados da biblioteca, mas vive preocupada com a possibilidade de adoecer repentinamente. "Não utilizo serviços de cuidados preventivos, mas estou sempre com medo de ficar doente de repente."

Este mês, completam-se 79 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e a idosa relembra os tempos de escassez de alimentos durante o conflito. "Eu era estudante do ensino fundamental e, junto com os vizinhos, visitava fazendeiros em Saitama para trocar roupas e outros itens por vegetais", recordou. "Os vizinhos eram próximos, ajudavam uns aos outros. Hoje, mesmo quando nos vemos, só nos cumprimentamos."

Embora ela esteja grata por viver em uma era de paz, a vida continua difícil. "Enquanto você tem dinheiro, não há inconvenientes", observou, mas admite que para as mulheres realidade não é fácil. "Agora, com agosto chegando, não penso mais na guerra. Estou apenas tentando viver minha vida ao máximo."

(Masaki Nakamura)

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