Uma controvérsia séria tem ganhado espaço no Japão. Enquanto o governo amplia a aceitação de trabalhadores estrangeiros para suprir a escassez de mão de obra, parte da população — influenciada por discursos políticos e reportagens enviesadas — demonstra crescente hostilidade contra os imigrantes.
Nos últimos meses, políticos de destaque passaram a atribuir publicamente aos estrangeiros uma parcela desproporcional da responsabilidade por problemas sociais e criminais. Reportagens como a publicada pelo portal Yahoo! Japan, que associam o "aumento no número de estrangeiros" a "riscos à segurança", reforçam estereótipos e alimentam o preconceito. A escolha dessas palavras é, no mínimo, irresponsável — e distante do jornalismo ético e imparcial.
A narrativa que se forma transmite a ideia de que apenas os estrangeiros cometem crimes, ignorando o fato de que delitos são praticados por indivíduos de todas as nacionalidades. Fica a impressão de que somente os japoneses teriam algum tipo de "direito moral" para roubar, estuprar ou matar — o que é absurdo sob qualquer ponto de vista civilizado.
Além disso, o foco de certos parlamentares em restringir benefícios sociais, como o Seikatsu Hogo(Assistência social), a estrangeiros — sem considerar os altos tributos pagos por essa parcela da população, como o imposto residencial — revela uma visão distorcida da realidade. Esquece-se que o mesmo sistema concede assistência até mesmo a cidadãos japoneses com histórico de alcoolismo ou que se declaram mães solteiras, sem questionamento equivalente.
É necessário diferenciar quem de fato contribui com o país. Muitos imigrantes — incluindo brasileiros — são trabalhadores honestos, de famílias estruturadas, que respeitam as leis e valorizam a cultura japonesa, mesmo enfrentando inúmeras barreiras. Estes merecem ser reconhecidos, e não criminalizados por generalizações injustas.
O papel da imprensa e dos representantes públicos deve ser o de informar com responsabilidade, combater o preconceito e promover a integração — não reforçar estigmas perigosos.
Fonte/Créditos: Da redação
Créditos (Imagem de capa): Rede social
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