TÓQUIO — A visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Japão, em 27 de outubro, marcou o primeiro encontro bilateral em seis anos e gerou grande repercussão no país. No dia seguinte, 28, Trump reuniu-se com a primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi, a primeira mulher a ocupar o cargo, em uma cúpula Japão-EUA que deveria simbolizar fortalecimento das relações, mas acabou cercada por polêmicas.
Durante uma visita à base militar americana de Yokosuka, Trump elogiou a líder japonesa diante de militares, dizendo: “Esta mulher é uma vencedora.” Em resposta, Takaichi sorriu, ergueu o punho e chegou a pular várias vezes, animada com os aplausos dos soldados. O gesto, no entanto, foi duramente criticado nas redes sociais, com internautas chamando a atitude de “exagerada” e “submissa”.
“Já houve algum líder que olhasse para Trump com os olhos tão voltados para cima? É realmente patético”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter).
Embora a diferença de altura entre os dois explique a postura de Takaichi nas fotos, o comportamento da premiê foi interpretado por muitos como uma demonstração de “bajulação diplomática”.
No dia 29, Kazuo Shii, presidente do Partido Comunista Japonês, classificou o gesto como “uma demonstração servil de adulação insuportável de se assistir”, afirmando que “isso não é diplomacia, é submissão”.
Em contrapartida, Haruo Kitamura, membro do Partido Conservador Japonês, saiu em defesa da primeira-ministra, dizendo no X que “o estresse da esquerda está atingindo seu ápice”. Já o senador Lasar Ishii questionou:
“Vendo essa comoção, não faz você pensar que um verdadeiro patriota deveria decidir se o Japão é dependente dos EUA, um estado vassalo ou uma colônia?”
As críticas não vieram apenas de figuras políticas. A atriz Chizuru Azuma também causou polêmica ao publicar uma mensagem nas redes sociais no dia 29, interpretada como uma crítica indireta à premiê:
“É fácil imaginar que, especialmente nesta indústria, alguém tenha ascendido por meio de bajulação e adaptação excessiva.”
A publicação dividiu opiniões. Muitos a criticaram por “atacar outra mulher” em posição de liderança, enquanto outros defenderam sua liberdade de opinião.
“Ela reclama da falta de mulheres líderes, mas agora que uma mulher chegou lá, ela encontra defeitos”, comentou uma usuária.
“Esse tipo de reação exagerada é normal quando se trata de ocidentais”, escreveu outro.
Apesar das controvérsias, especialistas políticos afirmam que Takaichi buscou transmitir uma imagem de força e afinidade com os Estados Unidos, mas o resultado acabou soando teatral e excessivo.
A premiê ainda não comentou as críticas, mas membros do governo indicaram que ela manterá o foco na cooperação bilateral e na política de segurança regional.
Fonte/Créditos: Reportagem RPJ News – Japão
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