Um episódio revoltante de racismo ganhou repercussão nacional no Japão após a jogadora de basquete Monica Okoye, da seleção feminina japonesa, tornar público um ataque sofrido em suas redes sociais. A atleta, filha de mãe japonesa e pai nigeriano, nasceu e cresceu no Japão — país pelo qual representa em competições internacionais. Ainda assim, foi alvo de comentários racistas como: "Desapareça do Japão junto com seu irmão".
Indignada, Monica respondeu de forma firme: “Isso aqui, eu não posso perdoar.” A declaração corajosa foi publicada em suas redes e rapidamente gerou apoio de colegas, veículos de mídia e internautas que condenaram a atitude preconceituosa.
A reportagem do portal Alternativa Online, que repercutiu o caso com tradução das mensagens ofensivas, destacou a gravidade da situação e a coragem da atleta ao denunciar publicamente o ataque. O veículo lembrou, ainda, que a utilização da palavra “nigger”, mencionada em outras ocasiões de racismo contra estrangeiros no Japão, é considerada extremamente ofensiva, com forte carga histórica de opressão.
REPRODUÇÃO DA ALTERNATIVA ON-LINE
https://alternativa.co.jp/noticias/japao/174929/atleta-japonesa-denuncia-mensagens-racistas/
Apesar do destaque do caso por envolver uma atleta profissional de elite, o racismo contra pessoas negras e estrangeiros no Japão é recorrente — muitas vezes velado, mas não raro explícito. Episódios de recusa em estabelecimentos, olhares hostis e exclusão social são relatados com frequência por residentes estrangeiros no país. O agravante, porém, é a ausência de uma legislação robusta e específica que puna o racismo de forma efetiva.
Ao contrário de países como Brasil e Estados Unidos, onde o racismo é crime previsto em lei, no Japão a discriminação racial não é criminalizada diretamente. Embora existam recomendações internacionais — como da ONU — para que o país avance na proteção aos direitos das minorias, até o momento, pouco se fez para garantir justiça em casos de preconceito racial.
A coragem de Monica Okoye reacende o debate sobre a urgência de leis mais rígidas contra o racismo no Japão. A voz da atleta se soma à de milhares de estrangeiros que, mesmo contribuindo com a economia e a sociedade japonesa, seguem enfrentando o preconceito em silêncio.
Racismo é crime, não opinião. O Japão precisa deixar de ser conivente com a discriminação e passar a proteger, de fato, todos os seus cidadãos — independentemente da cor da pele, da origem ou da etnia.
Fonte/Créditos: Alternativa
Créditos (Imagem de capa): INSTAGRAM
Comentários: