Tóquio, Japão - Uma pesquisa inédita conduzida pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, divulgada nesta quinta-feira, 27 de março de 2025, revela um panorama preocupante no Japão: estima-se que aproximadamente 42.000 corpos foram cremados ou sepultados em todo o país durante o ano fiscal de 2023 por não terem sido reclamados por familiares ou conhecidos.
A ausência de normas nacionais uniformes para os procedimentos de cremação ou sepultamento, bem como para o período de armazenamento dos corpos, agrava a situação. A pesquisa aponta que apenas 10% dos governos locais desenvolveram procedimentos específicos para lidar com essa crescente questão.
O aumento do número de pessoas vivendo sozinhas, uma tendência acentuada pelo envelhecimento da população e pelo isolamento social, indica que a quantidade de idosos sem laços familiares tende a crescer, tornando a gestão desses casos um desafio cada vez maior para as autoridades.
De acordo com a legislação japonesa, especificamente a Lei de Cemitérios e Sepultamentos, quando uma pessoa falece em casa ou em um hospital e não há parentes ou herdeiros que reivindiquem o corpo, a responsabilidade recai sobre o governo local onde ocorreu o óbito. Este órgão assume a posse do corpo, providencia o armazenamento, a cremação ou o sepultamento.
A pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisa do Japão a pedido do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, analisou as respostas de cerca de 1.160 cidades, vilas e aldeias em todo o país. Uma estimativa anterior do governo indicava que 41.969 corpos foram cremados ou enterrados por governos locais no ano fiscal de 2011, incluindo casos de corpos não identificados ou identificados, mas não reclamados. Esse número representava 2,7% do total de óbitos registrados naquele ano (aproximadamente 1,576 milhão).
A pesquisa atual demonstra um aumento significativo nesse número em 2023, sublinhando a urgência de se debater e encontrar soluções para o crescente fenômeno dos "mortos solitários" no Japão. Apenas 11,3% dos governos locais informaram possuir manuais ou regulamentos internos específicos para lidar com esses procedimentos, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais estruturada e possivelmente de diretrizes em nível nacional para enfrentar essa complexa questão social.
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