Para estrangeiros no Japão, enfrentar um processo judicial ou ser chamado para depor em uma delegacia pode se tornar um desafio ainda maior sem a presença de um tradutor qualificado. A tradução incorreta de depoimentos ou documentos pode ter consequências graves, afetando o andamento e o resultado de processos judiciais.
Toshio Sudo, que há anos auxilia estrangeiros em questões legais no Japão, alerta sobre os riscos de contar com tradutores que não dominam completamente o idioma. “Já houve casos em que consegui reverter toda a situação, reiniciando o processo do zero”, afirma Sudo. Ele reforça a importância de exigir sempre um tradutor do país de origem do estrangeiro, especialmente em questões delicadas envolvendo a justiça. "Nunca se deve aceitar um tradutor indicado pela polícia ou alguém que não entenda profundamente o idioma japonês", acrescenta.
Toshio Sudo em uma delegacia.
Erros de tradução, por menores que sejam, podem comprometer a defesa e resultar em decisões desfavoráveis, o que torna a escolha do tradutor um ponto crucial para garantir que o estrangeiro seja compreendido de forma precisa.
Além de dominar o idioma japonês, é crucial que o tradutor compreenda perfeitamente o idioma do estrangeiro, como o português, para evitar mal-entendidos. Não basta apenas ser fluente em japonês; é necessário entender as sutilezas e as nuances da língua nativa do depoente. Uma palavra mal interpretada ou mal colocada pode alterar completamente o sentido de um depoimento, o que pode ser desastroso em situações legais.
Toshio Sudo ressalta que o maior risco está justamente quando o tradutor não tem um profundo conhecimento da língua portuguesa. Muitas vezes, a polícia indica tradutores japoneses que possuem apenas um nível básico de português. "Isso é extremamente perigoso", alerta Sudo. A tradução realizada por uma pessoa que apenas tem noções do idioma pode não transmitir corretamente o que o estrangeiro quis dizer, o que prejudica gravemente a clareza do processo judicial.
Toshio Sudo
Portanto, é fundamental que o estrangeiro tenha o direito de escolher um tradutor altamente capacitado, preferencialmente nativo de seu país de origem, e que tenha não apenas domínio das línguas, mas também uma compreensão cultural que possa garantir uma tradução fiel e precisa.
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