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Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2025

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Crianças que Choram e o Barulho no Japão: Reflexão sobre Convivência, Cultura e Prioridades

Essas questões tornam-se ainda mais urgentes quando envolvem estrangeiros

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Crianças que Choram e o Barulho no Japão: Reflexão sobre Convivência, Cultura e Prioridades
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Recentemente, a RPJ foi chamada a cobrir um caso que trouxe à tona um problema profundo no Japão: a intolerância ao barulho cotidiano, especialmente quando envolve crianças. O episódio com a família Yamamoto, recém-chegada à cidade de Oizumi, ilustra essa realidade. Clara Yamamoto, de 31 anos, publicou um vídeo nas redes sociais pedindo socorro enquanto estava sozinha em casa com seu bebê. Seu marido, Fábio Yamamoto, de 37 anos, estava no trabalho, na fábrica da Mitsubishi. O vídeo viralizou no YouTube e trouxe visibilidade para uma questão alarmante.

Apartamentos Silenciosos, Vidas Ruídosas

No Japão, as construções residenciais são projetadas para resistir a terremotos, o que as torna mais vulneráveis ao som. Com paredes finas e pouco isolamento acústico, qualquer barulho pode se tornar um problema. Essa sensibilidade ao som parece refletir um aspecto cultural: a busca quase obsessiva pelo silêncio e pela ordem, que muitas vezes vai além do razoável.

Porém, o que chamou a atenção da RPJ nesse caso foi o foco no bebê da família. Houve quem sugerisse que o choro da criança era a causa do conflito. Esse tipo de argumento levanta questões maiores: será que essa intolerância ao barulho cotidiano pode influenciar a baixa taxa de natalidade do Japão? Afinal, como criar filhos em um ambiente onde até mesmo os sons mais naturais, como o choro de um bebê, são vistos como um problema?

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Viver ou Sobreviver?

Casos de conflitos relacionados ao barulho não são raros. Há relatos de vizinhos chamando a polícia por causa do som de um ventilador, de passos no chão, ou até mesmo do canto de “parabéns” em uma festa de aniversário. Isso levanta perguntas inquietantes:

  • Como viver no próprio espaço sem lavar roupas, sem ligar um ventilador, sem caminhar ou sorrir espontaneamente?
  • Será que essa intolerância é apenas cultural ou reflete um problema social mais profundo?

Essas questões tornam-se ainda mais urgentes quando envolvem estrangeiros, que muitas vezes enfrentam perseguições e ameaças em situações semelhantes. Quando as vítimas são mulheres, a desigualdade e a covardia tornam-se ainda mais evidentes.

Quem Deve Ter Prioridade?

No Japão, um país que valoriza a segurança dos pedestres no trânsito, seria lógico pensar que um bebê teria prioridade em uma sociedade que enfrenta uma crise de natalidade. No entanto, a intolerância ao barulho sugere o contrário. Crianças, com sua inocência e espontaneidade, acabam sendo vistas como "incômodos", enquanto adultos mal-humorados e desajustados parecem receber mais compreensão.

Quando um bebê nasce, sua primeira manifestação é o choro. É sua forma de comunicação, seja para expressar fome, dor ou desconforto. Ignorar isso em prol de um silêncio absoluto é desumano e contraproducente para uma sociedade que precisa de renovação populacional e emocional.

Reflexão Final

Talvez a verdadeira questão seja como criar um ambiente onde possamos, de fato, viver e deixar as crianças em paz. No “país perfeito”, onde a tecnologia avança e a ordem predomina, falta algo essencial: tolerância e empatia.

Como diz o ditado, "quem não gosta de criança, bom sujeito não é". Que possamos aprender a valorizar a simplicidade do sorriso e a pureza do choro de uma criança – porque é ali que reside a esperança de um futuro melhor.

FONTE/CRÉDITOS: RPJ
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