Em um momento em que o governo japonês, sob a liderança do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, endurece políticas migratórias e enfrenta crescente desgaste político, a princesa Kako, da Casa Imperial do Japão, desembarca no Brasil para uma missão diplomática que carrega simbolismo, tradição e esperança de reconexão entre os povos.
A jovem princesa, de 29 anos, cumpre uma extensa agenda oficial por sete cidades brasileiras, como parte das celebrações pelos 130 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão, marco histórico designado como o Ano do Intercâmbio da Amizade Brasil-Japão.
Sua Alteza Imperial já passou por São Paulo (5 a 7 de junho) e segue agora para o Paraná, onde visitará Maringá no dia 8, Londrina e Rolândia no dia 9, e Foz do Iguaçu nos dias 14 e 15. Também estão previstas visitas a Campo Grande (10 de junho) e Brasília (11 e 12 de junho), onde será recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A princesa participará ainda de cerimônias comemorativas, homenagens a pioneiros falecidos e encontros com membros da comunidade nikkei.
O Paraná, que abriga a segunda maior colônia japonesa do Brasil — cerca de 200 mil descendentes —, será palco de diversas atividades culturais e diplomáticas, destacando os fortes laços entre as duas nações.
Filha do príncipe herdeiro Fumihito (Príncipe Akishino) e da princesa Kiko, e sobrinha do Imperador Naruhito, a princesa Kako é considerada uma das representantes mais jovens da família imperial em missões internacionais. Apesar de não estar na linha de sucessão — restrita a homens — ela vem ganhando protagonismo em papéis diplomáticos, especialmente em tempos de mudança na percepção global sobre o Japão.
A visita ocorre em paralelo a um momento delicado para o governo japonês, que recentemente aprovou medidas para dificultar a permanência de estrangeiros inadimplentes com o sistema de saúde, além de propor triagens mais rígidas para renovação de visto e entrada no país. O contraste entre o rigor interno e a abertura simbólica representada por Kako reforça a divisão entre política de Estado e diplomacia imperial.
Ao visitar o Brasil, a princesa representa não apenas a continuidade de um laço histórico, mas também um gesto de aproximação e respeito com uma das maiores comunidades nikkei do mundo. Em um cenário político interno cada vez mais pressionado, a jovem princesa carrega, com leveza e dignidade, o papel de ponte entre nações — e talvez, entre tempos distintos do próprio Japão.
Fonte/Créditos: Da redação
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