Jogadoras brasileiras do Diossa Izumo FC, clube da segunda divisão da Liga Nadeshiko de futebol feminino, Laura Spenazzanatto e Thayz Ferrer, denunciaram episódios de assédio sexual e abuso de poder que afirmam ter sofrido desde que ingressaram no time em 2022. Em entrevista coletiva realizada no dia 6 de novembro em Izumo, na província de Shimane, as atletas, acompanhadas por seus advogados, expuseram as condições abusivas e a falta de apoio que enfrentaram durante o tempo no clube.
De acordo com a denúncia as jogadoras, que ocupam as posições de meia e atacante, tinham direito contratual a um intérprete para facilitar a comunicação com a equipe. No entanto, esse serviço era fornecido apenas uma vez por semana, deixando-as frequentemente sem entendimento das orientações dadas em japonês. As jogadoras relataram que, além dessa barreira de comunicação, foram alvo de insultos e humilhações por parte dos treinadores e dirigentes, que usavam expressões sexualizadas em português para ofendê-las.
Em outubro de 2023, as jogadoras brasileiras Laura Spenazzanatto e Thayz Ferrer expressaram entusiasmo durante entrevista ao repórter Toshio Sudo. Recém-contratadas pelo Diossa Izumo FC, mostraram-se otimistas e motivadas com a oportunidade de competir na Liga Nadeshiko, compartilhando o sonho de levar a equipe à conquista do campeonato daquele ano. Na época, o clima era de esperança e determinação, refletindo o compromisso de ambas com o novo desafio.
Entre os exemplos apresentados, elas afirmam que, diante de erros cometidos nos treinos e jogos, o treinador usava termos ofensivos e de cunho sexual para repreendê-las. Além disso, o responsável pelo bem-estar das jogadoras, nomeado pela Associação Japonesa de Futebol com a função de coibir práticas abusivas, relatou ter presenciado o treinador ameaçar as jogadoras com exclusão de partidas caso levassem suas queixas à diretoria. Ele também teria reagido de forma desrespeitosa ao questionar se as jogadoras "entendiam" as instruções, mesmo ciente da dificuldade de compreensão devido à falta de intérprete.
Em julho deste ano, ambas as atletas foram diagnosticadas com transtorno de estresse agudo, atribuído à pressão psicológica sofrida. Elas se afastaram das atividades do clube em agosto e, desde então, recebem acompanhamento psiquiátrico. Apesar de tentativas de resolução do problema, o clube adiou repetidamente o tratamento do caso, e as jogadoras continuam afastadas da temporada atual, sem que o time tenha comunicado a situação aos demais integrantes.
Diante da falta de ação da direção do Diossa Izumo FC, as atletas decidiram formalizar uma queixa à Liga Japonesa de Futebol Feminino, com o objetivo de evitar que a situação seja encoberta. Uma coletiva de imprensa também está prevista para o dia 6, onde a organização responsável pelo time, a entidade sem fins lucrativos Diossa Sports Club, deverá prestar esclarecimentos sobre o caso e as medidas a serem tomadas.
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