A violência doméstica é um problema social complexo que atinge diversas esferas, e muitas vezes, está associada ao comportamento narcisista de um dos parceiros. O narcisismo, caracterizado pela manipulação, falta de empatia e uma necessidade incessante de controle e superioridade, pode agravar a situação de vítimas que se encontram em relacionamentos abusivos. Esse padrão de abuso emocional e psicológico tem levado muitas pessoas a buscar ajuda e romper o ciclo da violência, como no caso de Soraia Kabaishi, uma moradora de Hamamatsu, que recentemente relatou sua experiência para incentivar outras vítimas a não se calarem.
Em entrevista para a RPJ, compartilhou o difícil relacionamento que teve com seu ex-parceiro, Eduardo Uchimura, 39 anos. Ela descreveu Eduardo como uma pessoa que apresentava comportamentos desconexos e abusivos, sempre buscando humilhá-la e controlá-la. Durante o relacionamento, Soraia foi alvo de constantes agressões verbais e humilhações, que aos poucos deterioraram seu estado emocional. Ela conta que, ao longo das inúmeras brigas, sofreu calada, até que, em uma noite em um bar, após mais uma série de ofensas, não suportou mais e desferiu um tapa no rosto de Eduardo.
Veja a entrevista
O comportamento controlador e opressor não se limitou ao fim do relacionamento. Para poder ter de volta o seu apartamento, que estava sendo utilizado por ele, Soraia foi à polícia e pediu uma medida protetiva, além de registrar um boletim de ocorrência por roubo.
Eduardo Uchimura
O depoimento de Soraia reflete uma realidade preocupante: os casos de violência doméstica têm aumentado, principalmente entre a comunidade estrangeira no Japão, onde os índices sempre foram alarmantes. As barreiras culturais e linguísticas podem dificultar o acesso à ajuda, tornando ainda mais desafiador para as vítimas se desvencilharem de seus agressores.
A gravidade da situação levou as autoridades a fortalecerem o suporte às vítimas de violência doméstica. A polícia japonesa, ciente do aumento de casos entre estrangeiros, mantém um atendimento em português pelo número de emergência 110, proporcionando assistência imediata para quem precisa. Além disso, o consulado do Brasil em Hamamatsu esta apoiando e combatendo a violência doméstica com o título"Quebrando o Silêncio", desenvolvido pelo Conselho de Cidadãos de Hamamatsu voltado para prevenir e combater a violência doméstica fornecendo suporte às vítimas tem distribuído cartilhas informativas e oferecendo orientação para as vítimas, com o objetivo de garantir que todos os que sofrem em silêncio saibam que existem recursos e apoio disponíveis.
- Consulado Hamamatsu
- Whasapp 090-6596-8114
Soraia deixa um recado para as vítimas que ainda hesitam em buscar ajuda: "Eu sofri muito, mas tive forças para sair dessa situação. Não se calem. Procurem ajuda, não deixem que o medo ou a vergonha falem mais alto". Casos como o dela são exemplos de que, com o apoio certo, é possível superar a violência e reconstruir a vida.
O crescimento da violência doméstica entre estrangeiros no Japão exige atenção contínua, tanto das autoridades quanto da comunidade. O comportamento abusivo, muitas vezes mascarado por atitudes de amor ou proteção, pode deixar cicatrizes emocionais profundas. É essencial que as vítimas saibam que não estão sozinhas e que podem contar com o apoio da polícia, do consulado e de organizações locais para romper o ciclo do abuso.
Assistência Consular em Tóquio
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- Atendimento de segunda a sexta-feira, das 9h às 13h e das 14h às 16h30.
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