Recentemente, a questão dos impostos no Japão tem sido tema de intensos debates e críticas nas redes sociais, especialmente entre os estrangeiros. No entanto, os japoneses também não estão imunes a essa insatisfação. A discussão gira em torno de uma pergunta central: os valores dos impostos no Japão são realmente justos?
Um caso recente que ilustra a tensão crescente ocorreu quando um cidadão japonês, com impostos atrasados, entrou na prefeitura armado, derramou querosene em si mesmo e ateou fogo. Esse incidente extremo levanta questões sérias sobre a pressão exercida sobre os contribuintes.
No Japão, os impostos são cobrados com base no ano anterior, o que significa que mesmo que um indivíduo esteja desempregado e sem dinheiro no ano atual, ele ainda deve pagar os impostos referentes ao período em que estava empregado. A prefeitura envia cartas ameaçando confiscar bens e bloqueio de contas.
Essas cartas frequentemente contêm questionamentos invasivos, como "Você tem carro?", "Sai para almoçar em restaurantes?", "Financia imóveis?", ou até mesmo "Por que não pede dinheiro emprestado a um amigo?". Em situações extremas, questionam "Se está sem dinheiro, como está se alimentando?".
Outro problema é o bloqueio de contas bancárias sem uma explicação jurídica clara, um fato comprovado tanto por estrangeiros quanto por japoneses. A insatisfação é palpável e muitos questionam se os valores dos impostos poderiam ser mais justos.
O que mais espanta é a forma como tratam a situação do trabalhador com imposto atrasado. Ameaças, dureza na negociação e um atendimento grotesco e desrespeitoso são comuns. Qual o interesse de uma prefeitura se você financia ou não seu carro, ou se você sai para restaurantes?
Durante a pesquisa para esta matéria, encontramos um casal com uma filha no colo, discutindo em uma prefeitura da província de Shizuoka. Eles deviam mais de 1,5 milhão de ienes e estavam tentando negociar um parcelamento, que foi negado. Esse é apenas um dos muitos exemplos de dificuldades enfrentadas pelos contribuintes.
Vários estrangeiros relataram que algumas prefeituras gastam recursos com mães solteiras, beneficiando-as com aluguéis, ou até mesmo pagando aluguéis para dependentes de álcool, uma questão de saúde pública. Esses encargos são cobertos com impostos, gerando descontentamento entre aqueles que sentem o peso das cobranças.
Alguns sugerem que o imposto residencial deveria ser aplicado apenas a residentes permanentes no Japão, e não a quem está com visto temporário. Há um consenso de que os valores são altos, mas mais alta ainda é a intolerância com os desempregados, como no caso do japonês que se incendiou.
-Devemos esclarecer que os impostos são um dever dos cidadãos, e todos os entrevistados na pesquisa relataram que não são contra a existência dos impostos. O problema, apontam, é a intolerância e os valores cobrados. O dinheiro arrecadado com impostos é utilizado pelos municípios e pelo governo para investir em infraestrutura, educação e saúde. Sem esses recursos, seria impossível realizar melhorias para a própria população.
O imposto é legal e necessário. No entanto, além dos impostos embutidos em todas as transações, os valores do imposto residencial são bastante altos. Para poder pagá-los, é preciso estar empregado ou ter condições financeiras para saldar a dívida.
A discussão sobre a justiça dos impostos no Japão está longe de terminar, e é claro que há um desejo generalizado de um sistema mais compreensivo e flexível para todos os residentes, sejam eles estrangeiros ou japoneses.
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