Apesar da chegada do arroz novo, os preços elevados do produto devem continuar preocupando os consumidores no Japão. Segundo especialistas, a política de ajuste da produção, que inclui a redução da área cultivada, é apontada como a principal responsável pela atual crise de oferta e demanda. O Ministro da Agricultura, Tetsushi Sakamoto, declarou em coletiva de imprensa no dia 3 que o preço do arroz novo no varejo “provavelmente será um pouco mais alto do que o normal”, sinalizando que os custos elevados podem se estender por mais tempo, exacerbando a chamada “agitação do arroz Reiwa”.
Em setembro, a escassez de arroz nas prateleiras dos supermercados permanece. Um leitor do Tokyo Shimbun relatou: “No meu supermercado local, não só o arroz está esgotado, como a própria seção de arroz desapareceu”. O Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas tem tentado amenizar a situação, afirmando que a escassez deve ser gradualmente resolvida até o final de setembro, quando 40% do arroz novo anual estará disponível.
No entanto, Kazuhito Yamashita, ex-burocrata do setor agrícola e diretor de pesquisa do Instituto Canon para Estudos Globais, alertou que o arroz que está sendo consumido agora representa uma antecipação do que deveria ser consumido até agosto do próximo ano, o que pode levar a uma nova escassez e, consequentemente, a preços ainda mais altos em 2024. "Há uma grande possibilidade de que os preços subam novamente, e acredito que veremos outra crise no próximo verão", disse Yamashita.
O adiantamento que o Grupo JA oferece aos agricultores pelo arroz novo já está 20% a 40% mais caro em comparação à produção do ano anterior. Consequentemente, os preços nas lojas também devem subir significativamente. Embora o índice de condições de colheita do arroz de 2024 seja projetado em 101 (comparado a 100 em um ano normal), o mesmo que o do arroz produzido em 2023, a redução da área cultivada pode resultar em menor produção, mesmo que a qualidade e o rendimento por área se mantenham constantes.
Apesar de o consumo interno de arroz produzido em 2023 representar apenas cerca de 0,5% do total, a diminuição da oferta tem tido um impacto considerável. Yamashita alerta que, "dado que este é um plano de produção de última hora, qualquer pequena flutuação na oferta e na demanda pode resultar em escassez como a que estamos vendo agora".
O cenário aponta para um desafio contínuo na política agrícola japonesa, que precisa de ajustes para evitar novas crises e garantir a estabilidade no fornecimento de alimentos básicos como o arroz.
Comentários: