TÓQUIO – O Japão dá sinais cada vez mais claros de retrocesso em relação à convivência com estrangeiros. Quase 70% dos executivos das seções locais do Partido Liberal Democrata (PLD), que governa o país, afirmaram apoiar regras mais rígidas para a compra de terras por pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras. O levantamento, divulgado pela agência Kyodo News, foi realizado pouco antes da eleição para a liderança do partido, marcada para 4 de outubro.
Segundo a pesquisa, 32 das 47 representações do PLD nas províncias defendem o endurecimento das normas. Entre os cinco candidatos à presidência da sigla, Sanae Takaichi e Takayuki Kobayashi prometeram apertar ainda mais a legislação. Já Toshimitsu Motegi defendeu a criação de um sistema centralizado de monitoramento.
O tema se tornou bandeira política em meio à alta no valor dos imóveis. Só no primeiro semestre de 2025, o preço médio de novos condomínios no centro de Tóquio atingiu recordes históricos. Analistas apontam que a presença de investidores estrangeiros influenciou na escalada, mas especialistas alertam: culpar apenas os de fora é uma narrativa conveniente.
A movimentação ocorre num momento de queda de popularidade do PLD, após escândalos de financiamento e perda de cadeiras no Parlamento. Ainda assim, candidatos apostam em um discurso nacionalista e de fechamento, repetindo a velha fórmula de eleger os estrangeiros como culpados para justificar falhas internas.
No discurso oficial, a promessa é “proteger a soberania e a segurança nacional”. Na prática, o que se desenha é um Japão cada vez mais hostil ao imigrante, legal ou ilegal, em um movimento que mais lembra décadas passadas do que um país disposto a lidar com os desafios de um mundo globalizado.
Fonte/Créditos: Kyodo News
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