Toshio Sudo, renomado jornalista e especialista em segurança pública, recentemente abordou as diferenças entre a cobertura policial no Japão e no Brasil. Segundo ele, a maneira como as reportagens policiais são tratadas nos dois países reflete diferenças profundas não apenas nos sistemas de mídia, mas também nas culturas e nas abordagens à segurança e à justiça.
No Japão, Sudo observa que a cobertura policial tende a ser mais reservada e cautelosa. A imprensa japonesa frequentemente evita expor detalhes pessoais dos suspeitos ou vítimas antes de um julgamento formal. O respeito pela privacidade e a presunção de inocência são elementos centrais no jornalismo japonês, refletindo uma cultura que valoriza a discrição e a dignidade. Para Toshio Sudo, isso cria uma atmosfera de maior cautela e seriedade na forma como os crimes são reportados, priorizando os fatos e evitando sensacionalismo.
Em contraste, no Brasil, a cobertura policial muitas vezes assume um tom mais sensacionalista. Programas de TV populares tendem a explorar crimes violentos, exibindo imagens explícitas e informações detalhadas sobre suspeitos, mesmo antes de um julgamento. Sudo menciona que, para o público brasileiro, essa abordagem é, em parte, resultado da própria realidade do país, onde a criminalidade é uma preocupação constante e a imprensa acaba refletindo essa urgência. A exposição pública de casos policiais é frequentemente vista como uma forma de pressão social para que a justiça seja feita de maneira rápida e eficiente.
Toshio Sudo-Repórter policial e assessoria jurídica
Toshio Sudo destaca que, enquanto o Japão tem um dos índices de criminalidade mais baixos do mundo, o Brasil enfrenta desafios muito maiores nesse campo. Essas realidades distintas influenciam diretamente a forma como a mídia aborda as questões de segurança. Para ele, não se trata apenas de uma diferença de estilo jornalístico, mas de uma questão enraizada nas prioridades sociais e na relação que cada país tem com a justiça e a segurança pública.
Ele conclui que, apesar das diferenças, ambos os países podem aprender um com o outro. O Brasil poderia se beneficiar de uma cobertura mais respeitosa e ponderada, enquanto o Japão poderia buscar maior transparência e engajamento público em casos de grande repercussão.
Comentários: