Após quase meio século no corredor da morte, Iwao Hakamada, ex-boxeador profissional japonês, foi absolvido dos crimes pelos quais havia sido condenado em 1968. Aos 88 anos, Hakamada é agora o condenado à morte mais antigo do mundo a ser inocentado, de acordo com a Anistia Internacional.
A história de Hakamada começou em 1966, quando ele foi acusado de assassinar seu chefe, a esposa dele e seus dois filhos. Durante o interrogatório que durou 20 dias, o ex-boxeador confessou os crimes, mas mais tarde recuou, afirmando que havia sido forçado a confessar sob tortura e espancamentos. Grupos de direitos humanos criticam fortemente o sistema judicial do Japão, alegando que ele se baseia excessivamente em confissões, muitas vezes obtidas de forma coercitiva.
A absolvição de Hakamada pelo Tribunal Distrital de Shizuoka, destaca as falhas no sistema de justiça criminal do país, tornando-o o quinto condenado à morte no Japão do pós-guerra a ser declarado inocente em um novo julgamento. Essa decisão também reacendeu o debate sobre a pena de morte e a credibilidade das confissões forçadas no sistema legal japonês.
A luta de Hakamada por justiça é um marco histórico e um exemplo das limitações e das injustiças que podem ocorrer quando o sistema depende excessivamente de confissões, muitas vezes obtidas em circunstâncias duvidosas. Mesmo livre, Hakamada passou 48 anos de sua vida atrás das grades, carregando o peso de uma sentença que agora foi oficialmente revogada.
Essa prática da polícia japonesa tem sido alvo de críticas constantes da RPJ e por parte de advogados e defensores dos direitos humanos, que denunciam o uso de confissões forçadas. Hakamada, que passou o maior tempo no corredor da morte no mundo, pode receber uma indenização superior a 200 milhões de ienes, aproximadamente 1,3 milhão de dólares, o maior valor já registrado em casos do tipo no Japão.
Comentários: